quinta-feira, 28 de fevereiro de 2013

Notícia de outrora

GOES, 22
Pensa-se em estabelecer estações telefónicas em Cadafaz e Colmeal, que ligadas à estação telegráfica desta vila, possam servir os interesses dos povos daquelas freguesias com a solicitude que tal sistema permite e que hoje se não dispensa já a não serem regiões onde civilização não penetrou ainda.
Para o bom êxito deste melhoramento será preciso, porem, que os povos ofereçam ao estado, pelo menos, a madeira a empregar nestas, linhas e que, segundo os melhores cálculos, não deve ir além de 180 postes de castanho daqui a Colmeal. De modo que a troco de um pequeno sacrifício as duas citadas freguesias, onde a madeira de castanho abunda ainda, felizmente ficariam de posse de um grande melhoramento cujos serviços apreciariam devidamente se pudessem chegar a fazer o confronto do que era antigamente e o que é hoje:
Antigamente: Vir a Goes, perdendo todo um dia para expedir um telegrama sobre a conclusão de um negócio cuja escritura era preciso lavrar-se imediatamente; ou sobre a marcha da doença que punha ás portas da morte, em um hospital de Lisboa um filho, um irmão ou um parente estremecido.
Hoje: do bom desejo das autoridades da República em servir os povos que, como os nossos de sempre tão ingratamente esquecidos, conjugado com um pequeno dispêndio de nós todos resultou a criação do telefone nas nossa terra e, agora, adeus grandes demoras, grandes transtornos e tantos dias perdidos em Góis á espera de almejadas respostas.
Ponham os povos de Cadafaz e Colmeal os olhos no carinho que os de Alvares tributam ao seu telefone. Agora que eles apreciam devidamente os benefícios que ele lhes presta e dão por excelentemente empregado o muito trabalho que generosamente prestaram ao Estado.

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C A D A F A Z
É difícil entre estes vales e oiteiros arranjarem-se noticia que mereçam ser publicadas em jornais. Fui passear pelo soalheiro cá da terra para angariar algumas novidades, mas foram infrutíferos meus esforços, porque por onde passei só se cuidava na vida particular de cada um. É que esta gente com quem vivo só cuida no trabalho honesto e honrado e não em bisbilhotices. O que eu sei todos o sabem e por isso não são novidades.
- Os batatais e os milharais vão por aqui muito bem principiados. A água para os regar é que vai a ser pouca.
- Os castanheiros, aqueles que ainda não foram atacados pela filoxera, já se vestiram com os seus raminhos e algumas oliveiras estão muito carregadas de flor. Se escarumarem bem devemos ter este ano uma colheita igual á do ano findo.

in A comarca de Arganil de 23 de Maio de 1912

domingo, 24 de fevereiro de 2013

quinta-feira, 21 de fevereiro de 2013

Foto de piquenique/festejo de anos

Esta foto, foi enviada pelo Sr. Virgílio Lopes, tirada num piquenique/festejo de aniversário nos anos 80 ou início dos anos 90. 



1 - Mário Neves, 2 - Cidália Nunes, 3 - Lucinda Gaspar, 4 - João Carlos Barata, 5 - Maria de Fátima Paiva, 6 - Arminda Santos, 7 - Joaquim Alves, 8 - Zulmira Fernandes, 9 - Álvaro Almeida, 10 - Regina Alves, 11 - Albano Henriques, 12 - Francelina Neves, 13 - Cremilde Palácio, 14 - Tânia Neves, 15 - Isabel Neves, 16 - Armindo Neves, 17 - Rosa Pereira, 18 - Aucilia Neves, 19 - Alcides Neves, 20 - Casimiro Vicente, 21 - Manuel Ferreira, 22 - Lurdes Ferreira, 23 - Lucinda Videira, 24 - José Henriques.
 

segunda-feira, 18 de fevereiro de 2013

Folhas Soltas de Cadafaz por A.Silva

Cerimónia em Louvor do Mártir S. Sebastião
  Realizou-se, no dia 20 de janeiro, em Cadafaz, a tradicional cerimónia em louvor do Mártir S. Sebastião, que constou de missa com acompanhamento coral, procissão e a benção do bodo com os produtos habituais, pão, castanhas e vinho.
  Após a distribuição, houve um amigável convívio, oferta da U.R.de Cadafaz.
Mais uma vez, é de agradecer o desempenho do Juiz e mordomos, visto que é uma tradição que requer algum tempo e trabalho. O Mártir S. Sebastião os recompense.
  Embora já um pouco atrasado, para os que, tal como eu, não têm Blogue ou outros meios, não posso deixar também de elogiar o bonito presépio que esteve exposto no átrio da Capela de Stº António. Foi sem dúvida I uma surpresa muito agradável e significativa da época natalícia. Oxalá assim vão aparecendo jovens, naturais da aldeia ou não, com iniciativas felizes.
  -Obrigado Valdemar.

IV - O Passado Não Morre, Se Quem Fica O For Lembrando
  Também os Pisões e Lagares, fazem parte dos mecanismos artesanais que tiveram valiosa função, junto das comunidades rurais e no só. Pelos dados que tenho lido, os Pisões, de início, seriam com a função de pisoar o cereais e ou azeitona, mas a pouco e pouco a sua utilidade seria adquirida para outras actividades industriais, como a pisoagem de tecidos, lãs, e linho, para ficarem mais macios e consistentes. Aliás, a referência sobre o aproveitamento da energia hidráulica no século XIV, já não era só para moer os cereais servia também para esmagar e misturar substancias como papel, tecido etc.
  Os Lagares escavados na rocha são antiquíssimos na zona do Norte, (possivelmente para extração do vinho). No entanto, a moagem da azeitona e prensagem para extração do azeite foram sem dúvida os mais utilizados, principalmente com a adaptação de rodas verticais que forneciam mais força com uma simples queda de água. - A oliveira ter vindo para a Europa através dos fenícios e romanos visto que já há muito era cultivada por esses povos. Um dos documentos mais artigos onde mencionada em Portugal, na conquista de Lisboa em 11477; por um Cruzado inglês -Osberno -ao serviço do rei D. Afonso Henriques, que nos seus escritos se refere a Lisboa (Olissipo) "como um local abundante em todos os géneros, caros ou baratos e onde prospera a oliveira". (Doc. Joel Serrão adap.)- Também em 1179 e 1190, o azeite já era mencionado nos forais de Lisboa e Setúbal. A informação de grandes olivais em redor da cidade de Lisboa e Almada, ainda há poucas décadas era confirmada por trabalhadores das zonas rurais que fizeram nas cidades esse trabalho (colheita da azeitona). Inclusivamente a oliveira foi tendo grande expansão por todo o país pois, em qualquer cômoro, junto às povoações havia uma oliveira, talo seu valor quer na alimentação, iluminação e venda. Portugal fazia parte dos grandes produtores. Presentemente os olivais desapareceram para dar lugar a terrenos inóspitos, mesmo sendo um produto sem grande acompanhamento laboral durante o ano. E, assim os Lagares foram ficando desativados, mesmo quando alguém decide colher o fruto tem de recorrer a outros locais distantes, o que não compensa a despesa. É o caso da povoação de Cadafaz. Embora esta freguesia também fosse privilegiada com alguns desses engenhos, que mais pareciam fabricas artesanais, onde tudo funcionava sob a orientação do mestre e Moço lagareiro.
   Um dos lagares era nesta povoação nos "Portos", particular mas onde toda a comunidade fazia o azeite. Funcionou até cerca de 1950, entretanto parou e a degradação em conjunto com as quatro tulhas foi rápido. Várias sugestões de aproveitamento mas, como sempre "só promessas".
   Havia também outro Particular na povoação de Corterredor. Quanto aos outros dois, um na Candosa, construído em 1860/61 e outro, junto à antiga ponte de alvenaria entre Cadafaz-Cabreira, este mais antigo, (consta até ter havido também um Pisão). Mas estes últimos e um Moinho, têm um venerável e antigo historial, embora ao longo das últimas décadas, nem sempre tenham sido respeitados os fins a que se destinavam. A certeza porém que eles fazem parte de um património antigo e pertença do Povo, pelo que, são designados como Lagares do Povo da Freguesia do Cadafaz segundo os testemunhos escritos, verbais, e até já várias vezes publicados: foram construídos pelo povo antepassado, cujos proventos reverteriam para o Santíssimo Sacramento da Igreja Paroquial de Cadafaz, sendo de responsabilidade da Junta de Paróquia, verificar os procedimentos com todo o rigor. Incluído nessas benesses estavam os numerosos olivais que os fiéis ofereciam à igreja. Tudo seria respeitado até em situações imprevisíveis, como a de 1876 em que os três imóveis foram postos em arrematação em Coimbra (não sei a razão).Porém também nesta situação o povo esteve presente, fazendo um peditório em todas as povoações da freguesia e nomeou, designadamente pela Junta de Paroquia um elemento de uma das povoações da freguesia para representar o povo, fazendo a compra desse Património com a importância então obtida. O que se concretizou, voltando tudo à posse do povo. E, sobre o moinho também este foi construído, pelos mordomos do Santíssimo Sacramento no ano de 1831, e era arrematado todos os anos no Adro da Igreja pelas alturas do São Miguel, cuja importância revertia também para a igreja, - Como já referi: muita coisa tem mudado e, hoje interrogamo-nos: -A quem pertencem estes antigos engenhos? Quem é o responsável que zela e ou usufrui? Quem apenas deixa degradar e perder os imóveis e o seu espólio interior... isto se ainda existir algum artefacto antigo de laboração? Creio que compete a todos nós, comunidade e entidades o dever, honestidade e veneração de conservar algo que foi doado por antepassados que partiram na esperança de que as suas dádivas em vida, lhe concederiam graças eternamente.
Cont.
in O Varzeense de 30 de janeiro de 2013

NOTA: Como elemento da Direção da União Recreativa do Cadafaz informo que o lanche/convívio que se realizou após a distribuição do Bodo, não foi efetuado pela U.R. C.

quarta-feira, 13 de fevereiro de 2013

Nevou no Cadafaz

Foto de Virgílio Lopes
Na passada segunda-feira, dia 11, nevou no Cadafaz. A neve caiu entre as 8 e as 10 horas da manhã, aqui ficam algumas fotos que tirei, assim como o Sr. Virgílio Lopes. 









Foto de Virgílio Lopes

Foto de Virgílio Lopes

Foto de Virgílio Lopes

Foto de Virgílio Lopes

Foto de Virgílio Lopes
Foto de Virgílio Lopes

Foto de Virgílio Lopes






Carvalhal do Sapo




















sexta-feira, 8 de fevereiro de 2013

Notícia de outrora


Cadafaz, 12.— Num dia deste do Carnaval, entre o Magro e o Gordo, deviam ser umas 20 horas, pouco mais ou menos, ouvimos sinal de alarme. Perguntamos o que havia e disseram- nos que era para se juntarem afim de correr o Entrudo aos da Sandinha. Efetivamente, momentos depois apareceu o homem da pandeireta, os homens das latas, os dos chocalhos e o homem no funil. Ao comando do dirigente lá se  põem todos em marcha para os lados da Sandinha, parando no sitio denominado a Valeira, em frente da mesma povoação. Pouco depois ouvimos dois estoiros. — Pum!... Pum... 
E logo em seguida o barulho da pandeireta, das latas, dos chocalhos a vozeira do que assoprava no funil. Acenderam as luzes e ao som da música lá voltou aquela gente satisfeitíssima, dizendo: «—Cá vai a velha! Cá vem ela!. . . Cá vem ela!. . . » E sabem porque os nossos vizinhos foram a tal hora correr o entrudo? Porque souberam que a rapaziada da Sandinha estava dormindo a bom dormir, fatigadíssima de tocarem, cantarem e dançarem durante dois dias e uma noite, sem cessar. Dormiam tanto, que nem sequer deram pelo barulho. E foi o que valeu, cá aos nossos amiguinhos, porque se despertam, bebiam mais aguardente com mel e vinham-lhes pedir contas. Assim, ficou reservado para o ano seguinte.
—No dia 7 do corrente realizou o seu casamento o sr. António d'Almeida com a sr.ª Guilhermina Martins, ambos deste logar. Foram padrinhos: por parte do noivo, seu irmão o sr. José Maria; e por parte da noiva, a sua irmã, a sr.ª Angelina Martins dos Santos.  Desejamos-lhes felicidades.
—Tem estado doente em Coimbra o sr. Luiz Domingos Alves Baeta do Corterredor. Que breve se restabeleça, são os nossos desejos.
in a Comarca de Arganil de 15 de fevereiro de 1923